quinta-feira, 10 de maio de 2012

Os Provérbios


O Clube Ler+ Escrever Melhor! é dinamizados pelas professoras Ana Paula Marques e Filomena David e funciona com workshops mensais dedicados a vários temas e é aberto a todos os alunos que queiram e possam inscrever-se.
O tema deste mês foi os Provérbios e a atividade foi introduzida pelo conto O homem que vendia provérbios de Adolfo Simões Müller, um escritor português do século XX com uma vasta obra dedicada à literatura para crianças e jovens.

O Homem que vendia Provérbios
À beira de Verdes Bosques chegou naquela manhã um vendedor que ninguém conhecia. Era baixo, delgado como um vime e tinha os cabelos todos brancos. Gritava:
― Provérbios! Provérbios! Provérbios novos e usados! Uma moeda cada um! Quem quer provérbios?
― E que fazemos nós com os provérbios? ― perguntou-lhe muito admirada uma gorda padeira.
― Eh! Eh! ― respondeu o homem. ― Claro que com os provérbios não poderá fazer um avental ou fritar dois ovos, mas em compensação enriquecerá o seu pensamento. Não sabe que em cada provérbio está um quilo de bom senso?
― Essa é boa! ― observou um homem que tinha um nariz vermelho de ébrio. ― Então, por uma moeda, que provérbio poderás vender-me, velhote?
O vendedor olhou-o longamente e depois vendeu-lhe este provérbio:
― "Quem do vinho é amigo, de si próprio é inimigo."
― Dê-me também um ― pediu uma mulher, estendendo a sua moeda.
― Ora aqui tem o que lhe vai a matar... ― respondeu o velho. ― "Em boca fechada não entram moscas..."
A mulher, que era conhecida em toda a região por ser muito faladora, foi-se embora, envergonhada.
E foi assim que naquele dia, em Verdes Bosques, grandes e pequenos compraram, apenas por uma moeda, um quilo de bom senso.
Adolfo Simões Müller

Depois disto os participantes no workshop ficaram prontos para por a imaginação a trabalhar e criar os seus próprios provérbios.
A Daniela Casimiro e a Sónia Basílio, do 8º B, inspiraram-se na Escola e nos problemas ocorridos dos últimos tempos que transformaram em reflexões com bom humor…

Escola destelhada,
Solução complicada.

Quem respira o ar do amianto
Mais depressa chega ao pé de um Santo.

Escola sem água canalizada,
Dias à baldada.

Quem anda pelos corredores da Pedro Ferreiro
Está sujeito a um banho de chuveiro.

Berbequim que tanto fura
Torna a aula uma loucura.

Se houvesse um belo assado,
Os alunos comiam com agrado.

Comida requentada é pouca apreciada.

Come sem postura e sentirás a tortura.
A Ana Santos, Carolina Ferreira, Diogo Simões, Mariana Ferreira e Mariana Corda, do 6º E, estavam inspirados e, além da Escola, também recorreram a temas da atualidade:
Chegar cedo e tarde sair
Dá dor de cabeça e não faz rir.

Diz-se que duas cabeças pensam melhor;
A do diretor regional e sua secretária juntas
Decidem o que, para nós, é pior.

Quando a “esmola” do FMI é elevada,
A bolsa da nação fica sem nada!
(O Povo é que paga.)

Com os feriados a acabar, o povo descontente irá ficar.

Os impostos sempre subir, o desemprego a aumentar, a vida a encarecer…
Onde é que este mundo irá ter?

“Pingo Doce. Venha cá!”
Assim, foi o Consumidor às promoções.
Cego ficou, perdido por lá
Para ficar sem os seus tostões.

As obras da nossa escola são como as de Santa Engrácia,
Que perderam já toda a graça.

Carteiras a abrir,
Dinheiro a fugir!

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